sábado, 1 de janeiro de 2011

Do Deserto ao Litoral

Dia 30/12, tomamos o café da manhã no Hotel em Calama e de lá seguimos em direção a Arica – a última cidade do Chile e divisa com o Perú. Às 8 horas, já havíamos abastecidos e estávamos saindo do Posto Petrobrás. A saída da cidade coincide, até uma certa altura, com a estrada que leva a Chuquicamata, no posto COPEL segue em direção a Tocopilla, à esquerda.
Asfalto de qualidade pelo caminho e estrada com boa sinalização. Padrão Chile!
A mãe que além de voto minerva, havia sido escalada para fazer a retirada do lixo em cada parada, agora tem se dedicado a receber e a enviar mensagens no celular, a cada instante chega um sinal (bip-bip!) anunciando uma nova mensagens e brincamos com ela perguntando se é twitter. Saudade não tem preço, né mãezinha?!
Na Ruta 5, caminho para Tocopilla, o odometro registrou 3.500 Km. Paramos em um estabelecimento para perguntar sobre as condições da estrada dali para frente porque recebemos sinais de luz e gestos de veículos em sentido contrário. Um “caminhoneiro do bem”, conforme a descrição do meu pai, previu que estaria tudo bem dali para a frente.
Mas um pouco mais para frente identificamos uma estrada em mal estado, imaginando que fosse por conta disso os avisos.
Seguindo pela estrada nos deparamos com uma placa, indicando a presença de Geoglifos e dali em diante não tiramos mais os olhos da paisagem em busca de um sinal dos Incas (ou dos Extra Terrestres!). E de fato, um pouco a frente vieram as confirmações, “eles” desenharam por ali, sim.
E é por isso que não dá pra ser breve e sucinto nos relatos... Um pouco mais para frente, depois da aparição dos geoglifos; um Oásis, Quillagua, uma cidade no deserto, confirmando a teoria desenvolvida pelo nosso guia e filósofo, Zequinha: Onde há verde, há água!
Na região de Tarapacá, Provincia de Tamarugal, em razão da Zona Franca de Iquique – cidade cujo acesso fica no caminho – tivemos que passar por uma Aduana e logo em seguida por um Posto dos Carabineros (Polícia do Chile). Na Aduana, os meninos da Expedição, foram gentilmente atendidos por uma Senhora que lhes cobrou somente os documentos de entrada do veículo, não sendo necessário declarar lap top e máquina fotográfica, aparelhos de uso pessoal. No posto policial, um Carabinero nos parou mas foi só para desejar um Feliz Año Nuevo!
Às 10 horas e 15 minutos já registrávamos 3.610 km, rodados. Seguindo para Pozo Almonte, passamos pelo meio de um Salar, "pelos dois lados da estrada e encoberto pela poeira dos Pampas”, contribuiu o Zequinha.
Mais adiante, outro Salar e a Reserva Nacional Pampa del Tamarugal, criada em 1987 e administrada pela CONAF, possui uma superfície dividida em três setores: Zapiga, La Tirana e Pintados. Na Reserva há alojamentos e camping, além de água potável, energia elétrica e banheiros.
Em Pozo Almonte, abastecemos a Land e o frentista nos indicou o restaurante em frente para almoçar – Restaurant La Cholita, um restaurante Peruano que, a princípio não parecia atender as mínimas expectativas, mas, no entanto, a alegria, o tempero e a simpatia dos pratos nos surpreenderam positivamente.
Passando pelo movimentado centro da cidade de Pozo Almonte, nos chamou a atenção as calçadas cobertas, uma alternativa para abrandar o sol quente e constante da região.
Foi em Pozo Almonte também que o nosso GPS voltou a funcionar! Assim, do nada, resolveu nos indicar novamente: “A conduzir na 5”, referindo-se ao nosso conhecido caminho pela Ruta  5.
Com o pé (as rodas) na estrada, seguindo em direção a Arica, passando por uma reta sem fim, de um lado do asfalto o nascedouro dos vulcões, entre a poeira e o vento, de outro lado, mais alguns geoglifos surpreendentes.
Geoglifos Ex Aurea:


Mas as surpresas do caminho ao litoral não acabaram, só começaram!

O que é bom se indica:
Restaurante La Cholita, em Pozo Almonte

Calama, A Emergente Mineira

Café da manhã com “uevos revoltos”, servidos por Rosa, a atendente da Pousada, foi nesse ritmo que no dia 29/12 às 9:22 saímos de San Pedro de Atacama em direção a Calama.
E seguimos pela estrada bem conservada, bem sinalizada, mas bastante perigosa. Não paramos de subir, até chegar ao mesmo nível das montanhas.

O trajeto perfaz a distância aproximada de 100 Km e antes de entrar na cidade, aquela paradinha para discutir o caminho e verificar os mapas. Destino: Sonesta Hotel Calama, onde chegamos as 10:33.
Não podemos retirar as malas da Land e nos instalar nos quartos do Hotel porque chegamos antes do horário previsto para o check-in e diante disso, considerando ainda que às 13:30 havíamos agendado uma visita a Mina Chuquicamata, ficamos um período sem saber ao certo o que fazer. Decidimos lanchar ali mesmo no restaurante do Hotel.
Deixamos a Land na garagem do Hotel, com todas as bagagens, pegamos um táxi e às 13:17, já estávamos no Escritório da CODELCO Norte (Corporación Nacional del Cobre), empresa que administra a Mina de Chuquicamata, de onde seguimos para a visita.
Dentro do ônibus, havia um capacete disponível para cada visitante e em que pese a todos os outros passageiros aguardarem a orientação para usá-los, o Zequinha não perdeu tempo, viajou do começo ao fim com o tal capacete.
De 2003, quando o Governo do Chile decidiu começar a transferir os moradores de Chuqui para Calama, até 2007 quando o último morador de Chuquicamata foi embora, a cidade é um local fantasma e apesar de preservado não possui um único habitante. Por razões de normas ambientais (a cidade fica a menos de 3 km da mina de cobre) todas as 3.200 famílias que ali viviam e dependiam direta ou indiretamente da exploração do cobre, foram transferidas para a cidade vizinha, a emergente Calama, distante cerca de 10 km.
Vários moradores se recusaram a sair da cidade até o último minuto possível, mesmo com a saúde ameaçada pela poeira e ao deixar o local, resgistraram em suas moradias a passagem por ali pichando nas paredes e muros o nome da família, mês e ano de retirada.
No antigo escritório da mineradora, em Chuquicamata hoje funciona um Museu que guarda o registro do carinho dos trabalhadores e outros moradores pela generosa terra, a cidade mineira que os acolheu durante 92 anos.
Segundo consta, desde 1915, quando a mina começou a ser explorada por empresas americanas, mais de 1,6 bilhão de toneladas de material bruto já foram retiradas da mina de Chuquicamata, sendo que a expectativa para os próximos 25 anos é que este valor dobre. E já no início da “planta” da mina, uma homenagem aos americanos e uma das primeiras máquinas ali preservada.

O Chile tem 17% (dezessete por cento) das reservas conhecidas do mineral no planeta. Chuquicamata é a principal mina do país e a maior a céu aberto do mundo! Um imenso buraco de 850 metros de profundidade e 4.500 metros de comprimento. Não cabe na foto!

A cada dia são retiradas 600 mil toneladas de material bruto, de onde se extraem 186 mil toneladas dos mais diversos minerais, especialmente o cobre. E durante a visita nos deixaram levar uma pedrinha (das verdes!) como lembrança. Peguei uma grande e me tiraram sarro dizendo que vou fornecer cobre para a WEG (cliente da CODELCO) durante um ano inteiro!!
Hoje em dia a CODELCO é uma empresa 100% (cem por cento) estatal e tem um faturamento de 10.000 dólares, por minuto, tudo é gigante. Por todos os lados circulam caminhões enormes; o menorzinho é capaz de carregar 170 toneladas! E só um pneu pesa 3.200 kg!


De volta ao Hotel, orientados a não ir passear pela cidade por conta do alto índice de violência, o Joel e eu, ainda nos arriscamos, antes de escurecer e fomos a pé até a uma loja de departamentos uma quadra depois do Hotel. Fiquei meio triste com a determinação porque Calama tem grandes empreendimentos e eu estava curiosa para ver, mas... paciência. Jantamos no restaurante do Hotel e para o meu consolo, Pisco!
E para o “consolo” do pai, o Hotel tinha um Cassino conectado às dependências. Coincidência, não?  Ele jura que nem sabia...

Opinião - Utilidade Pública: Sonesta Hotel Calama, é um Hotel 5 estrelas, está bem localizado, na Avenida Balmaceda, nº 2634, possui excelentes dependência, uma ótima cama, garagem fechada, wi-fi, um ótimo chuveiro e um bom restaurante. No entanto, fica o registro sincero, mais uma vez, a respeito do atendimento que falta muito para chegar perto de ser compatível com a constelação!

O que é bom se indica:
http://www.codelco.cl/ – Visita a Mina de Chuquicamata