No dia 03/01 acordamos cedo e tomamos café da manhã no Hotel Kimal, uma hospedagem de boa qualidade, charmosa e aconchegante, diferentemente do atendimento de seus funcionários que não estavam muito dispostos e motivados.
Alimentados, malas prontas, seguimos viagem em direção a aduana, antes fizemos uma parada em um mercadinho local, na saída de San Pedro de Atacama, para comprar água e gastar os últimos pesos chilenos.
Na aduana, saída do Chile, uma fila; mas em pouco tempo já estávamos na estrada e diante do primeiro sinal do Passo Jama.
Em seguida, a indicação: estávamos na “Ruta 27”! E o Vulcão Licancabur que durante toda a nossa estadia em San Pedro do Atacama estava lá, novamente, e nos acompanhou até a porta de saída. Lembramos do Wilfried e da Madalena, nossos amigos, que sempre nos falaram do Licancabur encoberto pela neve.
Susques a 261 Km, Aduana Argentina a 159 Km e lá vamos nós outra vez, por esse caminho maravilhoso, com esse céu azul e dessa vez com uma paisagem predominantemente amarela.
Uma paisagem mutante, do amarelo ao marrom, num contraste com o azul do céu e muitas vezes cortada pelas curvas do asfalto. Neste trajeto, registramos a altitude imaginando que aquele seria o recorde da viagem.
Entre uma reta e outra, o idealizador da viagem, nosso guia e agora nosso poeta, Zéca, soltou: “Estamos aqui no deserto, só nós e os Condores no céu”! Mas na verdade essa é uma rota de ligação ao Pacífico, relativamente movimentada. Lembrando que quando passamos pelo Paso Sico fomos informados que faziam três dias que nenhum carro passava por ali.
Os carros sofrem bastante com a altitude, mas a Land tem sido uma parceira, forte e firme todas as vezes que é colocada a prova, a exceção da mangueira da turbina que teve que ser substituída e do ar-condicionado que nos deixou na mão, não houve qualquer outra alteração, ao contrário de uns e outros fumacenado pelo deserto. “Movido a lenha”, complementou o Joel.
E diante de qualquer questionamento sobre se “há vida no deserto”, logo nos aparecem respostas intrigantes, água, animais e vegetação volta e meia surgem na paisagem.
Como a Land vem sendo uma grande companheira, nada mal recompensá-la com um acesso off-road, e uma paradinha para os membros da Expedição tirarem mais umas fotinhos.
E nessa altura, pelo caminho, os salares surgiam e se apresentavam lindos, cada qual com a sua beleza. Salar de Pujsa, Salar de Águas Calientes, Salar de Quisquiro e Salar de Jama.
Salares que refletem as montanhas e estradas que terminam nos Salares, enquanto a paisagem se modifica a medida que se aproxima da fronteira.
Entre curvas e “apachetas”, a altitude bate mais um recorde. Novamente nós ficamos indispostos, o mal das alturas é uma coisa bastante séria, merece precauções, merece cuidados e é importante que todos os aventureiros preocupem-se uns com os outros sob este aspecto.
Lá na frente, as placas indicam o próximo destino (Pumamarca), mas antes disso, a Argentina dá boas vindas a Expedição Pachamama – Rumo a Mãe Terra, e nosso trajeto segue pela Ruta 52!
Na aduana encontramos uma Expedição de outros aventureiros Jaraguaenses que já havíamos encontrado em San Pedro do Atacama. Ali, na fronteira, os policiais pretendiam revistar mala por mala e só deixaram de excessos depois que receberam umas camisetas da expedição. Na ocasião surgiu uma dúvida: "Fiscal de la lei, és policia?"
Passada a fronteira paramos no posto YPF e reiteramos os elogios e recomendações promovidas nos blog´s e sites por outros aventureiros. Um bom atendimento, bons banheiros e um ótimo café.
A viagem continua por uma enorme reta sob o olhar do piloto, e sob o cuidado das câmeras fotográficas. E o concurso interno da Expedição Pachamama continua revelando talentos.
Inclusive, o concurso flagrou a caminhada do Piloto pelo deserto em busca de uma “sombra” para curar a dor de barriga, ocasião em que encontrou com outro sujeito sozinho, fazendo fotos; nós achávamos que o Joel estava vendo coisas e que o mal das alturas estava lhe causando vertigens, mas não, depois todos nós presenciamos o sujeito saindo do deserto e seguindo pelo acostamento com uma mochila nas costas.
Ora reta, ora curva. Dessa vez, entre mais algumas curvas e paisagens intrigantes, chegamos em um local apropriado para o almoço, Pastos Chicos, o mesmo nome da localidade, onde re-encontramos a expedição de Jaraguá do Sul.
Ali também deixamos o registro da passagem da nossa Expedição e fomos atendidos por uma moça uruguaia que já havia morado em São Paulo, muito simpatíca, nos recomendou comidas deliciosas. No local há também hospedagem.
Satisfeitos, mais ou menos uma hora depois voltamos para a estrada e próximo a Susques nos deparamos com uma placa de sinalização que indicava a obrigatoriedade de passar por uma nova fiscalização, paramos para nos informar e nos encontramos com uns equatorianos a caminho do Rally Dakar. Obviamente que o Zequinha aproveitou para interagir.
Na verdade a placa de sinalização não dizia respeito ao nosso trajeto e assim sendo seguimos em frente, rumo a Custa Del Lipán, quando de repente percebemos que o Dakar estava nos seguindo, e a Land feliz da vida se manteve a frente do comboio por um bom tempo.
Na altura da localidade da Quebrada de Mal Paso, os “Cardones”, famosos na região, por nós conhecidos como cactos começaram a surgir na paisagem. Aliás, aproveito a oportunidade para apresentá-los ao amigo Curt Nees que outro dia questionou a presença dos mesmos no canto direito do Blog.
Nos distraímos com a paisagem e os imensos “cardones” e fomos ultrapassados pelos equatorianos do Dakar que nos passaram buzinando e fazendo festa. Fizemos várias fotos bonitas dos três carros pelo caminho!
Adiante, as Salinas Grandes, surgiram anunciando o fim de mais um ciclo de estradas planas e eu que pensei que as Salinas Grandes fossem bem branquinhas, ouvi o consolo do nosso poeta: Estas também foram afetadas pela poeira do deserto! Mesmo assim são lindas...
Sob o sol do deserto, sob o cansaço do trajeto, mas sob a satisfação e o encantamento fomos adiante, rumo a Custa Del Lipan, trecho que também faz parte desse dia.
O que é bom se indica:
http://www.pastoschicos.com.ar/ - Restaurantes onde almoçamos.
